Mãe de 23 filhos, capelã relata rotina na guerra: ‘Oro para ser enviada onde necessário’

  • 07/05/2025
Mãe de 23 filhos, capelã relata rotina na guerra: ‘Oro para ser enviada onde necessário’
Mãe de 23 filhos, capelã relata rotina na guerra: ‘Oro para ser enviada onde necessário’ (Foto: Reprodução)

Muitos capelães atuam na linha de frente, oferecendo apoio espiritual e emocional aos soldados e civis afetados pela guerra. Apesar dos desafios extremos, eles seguem firmes em sua missão de levar conforto e esperança.

Entre eles está Lyudmyla Marfin, uma mulher comum que pode passar despercebida na multidão. Seu trabalho extraordinário como capelã, a coloca regularmente na frente de batalha, oferecendo suporte e palavras de fé àqueles que mais precisam.

Nas trincheiras do leste da Ucrânia, a presença de um capelão cristão não é apenas simbólica, mas essencial.

Ali, o fogo da artilharia nunca cessa, e a fé não é pronunciada suavemente de um púlpito – ela é gritada em meio aos tiros, sussurrada nas últimas orações e vivida a cada passo sob a constante ameaça da morte.

O Evangelho não se limita às linhas de frente – ele é levado para a batalha, oferecendo consolo aos feridos, amparo aos enlutados e lembrando aos soldados que, mesmo em meio à guerra, Deus permanece ao lado deles.

Lyudmyla pode não exibir a força física ou o espírito destemido geralmente associados à luta na linha de frente, mas seus olhos brilham ao falar dos soldados a quem serve, refletindo a profunda dedicação que a move. Para ela, o amor é a verdadeira força motriz de sua vocação.

Capelã voluntária

Capelã voluntária de 52 anos, Lyudmyla se dedica à atuação na linha de frente do conflito. Em casa, na região de Vinnytsia, Ucrânia, ela cuida de seus 18 filhos, equilibrando sua missão com a maternidade.

Atualmente, ela estuda no Seminário Teológico de Kiev e viaja regularmente para oferecer ajuda humanitária e cuidado pastoral aos que mais precisam.

A capelã contou um pouco de sua história, dizendo que o amor de Deus preencheu seu coração desde que começou a crer em Cristo como seu Salvador pessoal, aos 25 anos.

“Isso influenciou minha família. Atualmente, somos 18 crianças em nossa casa, 11 meninos e sete meninas. Todas têm origens diferentes: uma é adotada, outras estão sob tutela e outras dependem temporariamente de um lar adotivo”, diz.

Além disso, ela e seu marido têm cinco filhos biológicos que agora são adultos e moram sozinhos. “Mas Deus nos chamou para sermos pais de crianças que precisavam de uma família, e foi assim que terminamos com outros 18 filhos”, afirma.

Nome militar

Ela explica a origem do seu indicativo, um nome militar usado para identificar uma pessoa, unidade ou estação de comunicação. O seu é "Vira", que significa "fé" em ucraniano.

"Na frente de batalha, todos me conhecem como Vira. Sempre brinco com os rapazes: 'Vira acredita, e vocês devem acreditar'”, conta.

Em 2020, durante as aulas no seminário, ela refletiu sobre como alguns heróis bíblicos receberam nomes dados por Deus. Então, começou a orar: "Dê-me o seu nome para que eu saiba que é você".

Agora, ela tem certeza de que Deus lhe concedeu o nome "Vira", que carrega o significado de fidelidade.

Ela cita a Bíblia: "Seja fiel aos pequenos", enfatizando que devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance no lugar onde Deus nos colocou.

Capelã voluntária

O caminho para se tornar capelã voluntária foi longo para uma mãe de 23 filhos, mas Deus a guiou em cada etapa.

Com o início da guerra, ela orou pedindo a Deus que a usasse da melhor forma. Começou ajudando com alimentos e remédios, como muitos outros ucranianos, enviando recursos para a linha de frente ou os entregando pessoalmente.

Com o tempo, passou a organizar treinamentos para militares, conhecidos como "treinamentos de formação de equipe". Para aqueles que haviam perdido seus companheiros, conduziu sessões de aconselhamento, visitou hospitais e conheceu as famílias dos soldados, oferecendo apoio e conforto.

Embora não tenha se juntado oficialmente às Forças Armadas, sua missão continua. Com 18 filhos menores de idade, o alistamento formal não é uma opção, mas isso não a impede de atuar como voluntária, oferecendo apoio e servindo aos soldados sempre que possível.

A principal responsabilidade de um capelão voluntário é cuidar da alma das pessoas, ajudando-as a enfrentar suas circunstâncias com uma nova perspectiva e lembrando-as de que não estão sozinhas.

Embora nem sempre possa estar fisicamente presente nas trincheiras, a certeza de que Deus está lá é o que motiva o trabalho dos capelães, que buscam mostrar aos soldados que a presença de Deus os acompanha.

Frente de batalha

Na frente de batalha, a fé é vivida de forma autêntica, sem imposições. A crença pessoal de cada soldado é respeitada, e o diálogo acontece naturalmente, baseado no desejo de se comunicar. Para o capelão, o apoio espiritual está disponível para todos, independentemente de sua crença.

“Sempre alerto meus soldados de que não vou entrar na alma de ninguém. Sirvo a Deus servindo às pessoas. No entanto, não há ateus nas trincheiras. A própria guerra muda a atitude dos soldados em relação à fé”, revela.

“A jornada espiritual é um processo longo. Poderíamos esperar que as pessoas confessassem seus pecados e começassem a seguir a Cristo imediatamente. Mas, em muitos casos, a mudança de atitude se manifesta no amolecimento do coração dos soldados, quando eles não se opõem às orações, mas começam a orar e aprendem a depositar sua esperança no Senhor”.

‘Senhor, envia-me’

Os lugares que visita não são escolhidos ao acaso, mas determinados pelo chamado dos soldados. As longas viagens até a linha de frente não a intimidam, e, frequentemente, a proximidade do inimigo permanece desconhecida, pois os soldados não compartilham essa informação.

A cada deslocamento, sua oração é sempre a mesma: "Senhor, envia-me para onde sou necessária", confiando que sua missão será cumprida onde for mais essencial.

“Tento manter uma atitude positiva, independentemente do local para onde sou enviada, principalmente porque os soldados observam meu comportamento, independentemente de minha fé em Deus me ajudar ou não. Se eles virem que estou tremendo de medo, como posso ajudá-los?”, diz Lyudmyla.

No verão passado, durante seu serviço próximo a Bakhmut, criou conexões profundas com muitos soldados. A guerra, no entanto, trouxe perdas devastadoras – metade dos soldados daquela unidade já foram mortos, e duas dessas conexões significativas também se perderam no conflito.

O vínculo com os combatentes vai além da presença física; é construído sobre a confiança, o apoio espiritual e a dura realidade enfrentada diariamente.

“Um dos soldados quis me apresentar à esposa dele e me disse o quanto a amava. Quando ele desapareceu, a esposa dele me ligou. E caminhamos juntos por dois meses de incerteza. Mais tarde, descobrimos que ele foi morto em Soledar. Fui ao seu enterro e lamentei com a família”, conta.

“Às vezes, atuo como mensageira. Por exemplo, eu escolhia flores e um presente para a amada de um soldado e depois levava os presentes para suas famílias.”

Apoio do marido

A conciliação entre a família e a vocação é possível graças ao apoio incondicional do marido de Lyudmyla, um professor aposentado, que assume o cuidado das crianças durante as viagens à zona de combate.

Na linha de frente, todos sabem que, se ele se opusesse às viagens, elas não aconteceriam. No entanto, seu marido compreende a necessidade urgente e a importância da missão, carregando essa responsabilidade com dedicação.

Após 34 anos de casamento, Lyudmyla conta que ele continua sendo o primeiro e único homem em sua vida, e cada escolha feita reflete a força dessa parceria construída ao longo dos anos.

Em alguns momentos, o pensamento de não voltar para o front já surgiu – especialmente nos dias em que a saudade de casa aperta ou quando o risco parece grande demais. Mas, a conexão com os soldados é forte, e gestos simbólicos reforçam sua missão.

Quando recebeu uma cápsula de bala enviada diretamente da base perto de Bakhmut, soube que não poderia ignorar o chamado. Cada deslocamento pelo país é impulsionado pelo desejo de ajudar todos aqueles que pode.

“No fim, todos os ucranianos já são minha família. Quando Deus te chama, você tem que ir. Se Deus enche seu coração de amor, você ama as pessoas que foi chamado a servir.”

FONTE: http://guiame.com.br/gospel/mundo-cristao/mae-de-23-filhos-capela-relata-rotina-na-guerra-oro-para-ser-enviada-onde-necessario.html


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